O Poço 2, final explicado. Entenda o fim do filme de suspense da Netflix
Em O Poço 2, sequência do aclamado filme de 2019, Galder Gaztelu-Urrutia aprofunda o conceito de uma prisão vertical distópica onde a comida é distribuída de forma desigual, gerando um verdadeiro caos de sobrevivência.
O segundo filme não só expande essa premissa brutal, como também deixa os espectadores com ainda mais perguntas.
O final, carregado de simbolismo, intriga e violência, exige uma análise mais detalhada.
A Jornada de Perempuán e Zamiatin
Os protagonistas dessa vez são Perempuán (Milena Smit) e Zamiatin (Hovik Keuchkerian), dois novos prisioneiros que aterrissam no nível 24, um dos mais altos e “privilegiados” da plataforma.
A dupla rapidamente se familiariza com as regras do sistema, onde a Lei — imposta por um misterioso Mestre — dita que a comida deve ser distribuída de maneira justa entre os níveis. No entanto, a realidade é mais sombria, e para manter a ordem, prisioneiros selecionados, chamados de Ungidos, usam a força para punir os desobedientes.
Zamiatin, após se imolar em um ato de protesto, deixa Perempuán sozinha em sua missão. Ao longo do filme, ela encontra uma maneira de escapar do poço: um artefato escondido, o quadro Cão Atolado na Areia, de Francisco Goya. Através desse objeto, ela consegue resistir ao gás sonífero que paralisa os prisioneiros a cada mês durante o Intervalo, o momento em que a prisão é resetada.
A Violência e a Fuga Impossível
O final de O Poço 2 se desenrola em um banho de sangue, quando Perempuán incita uma rebelião entre os prisioneiros que se opõem à Lei. Conforme ela desce pelos níveis, é forçada a comer carne humana para sobreviver, enquanto a guerra entre os lados explodirá a poucos dias do reinício da plataforma. No clímax, Perempuán finalmente encontra o quadro e o consome, conseguindo se manter acordada durante o reset.
Nesse momento crucial, Perempuán está prestes a escapar, mas no último nível da prisão, ela vê algo que a faz mudar de ideia: uma criança deixada em uma das camas. Em vez de fugir sozinha, ela decide ajudar o menino, subindo com ele na plataforma e descendo até o fundo do poço.
Lá, um grupo de pessoas os recebe, revelando que apenas a criança pode ascender de volta ao topo. “Sua jornada terminou, mas ele terá outra chance,” uma das mulheres explica, forçando Perempuán a deixá-lo ir.
Conexões com o Primeiro Filme
Surpreendentemente, O Poço 2 não é uma sequência, mas sim uma prequela do primeiro filme. No final do filme, vemos Goreng (O Poço 2), protagonista de O Poço, aparecendo com a menina que ele salvou no final do primeiro filme.
Esse encontro inesperado revela que Perempuán e Goreng têm uma ligação do passado, provavelmente envolvendo o trágico acidente que ela mencionou durante o filme, onde o filho de seu namorado morreu em uma de suas exibições artísticas.
Embora não haja confirmação explícita, a narrativa sugere que Goreng pode ser esse namorado.
O Mestre e os Segredos do Poço
Um dos grandes mistérios de O Poço 2 é a figura do Mestre, uma espécie de messias que criou a Lei. Ao longo do filme, os prisioneiros falam dele como alguém que sobreviveu nos níveis mais baixos sem comer e, eventualmente, cortou sua própria carne para alimentar os necessitados.
Sua história, cheia de simbolismo religioso, remete a uma lenda quase divina, mas sua existência permanece incerta.
Na primeira impressão, muitos poderiam supor que Goreng, do primeiro filme, fosse o Mestre, considerando sua jornada de sacrifício e tentativa de enviar uma mensagem de solidariedade. Porém, já que O Poço 2 ocorre antes dos eventos do primeiro filme, essa teoria não se sustenta, deixando a identidade do Mestre em aberto e alimentando ainda mais especulações sobre seu verdadeiro papel no sistema.
A Criança e o Futuro da Plataforma
O tema das crianças na plataforma levanta mais questões. No final de O Poço, a menina que Goreng salva é vista como um símbolo de esperança, e aqui, em O Poço 2, temos outra criança misteriosa que parece ser crucial para o futuro do poço.
Uma sala cheia de crianças sendo selecionadas por Miharu — uma personagem-chave do primeiro filme — levanta dúvidas: por que essas crianças estão lá? Elas são apenas peões em um jogo cruel? E o que significa o fato de apenas as crianças poderem “ascender”?
Essas perguntas permanecem sem resposta, e é provável que uma terceira parte da franquia seja necessária para finalmente desvendar os segredos da plataforma e do poço.
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No final das contas, O Poço 2 não trata apenas da sobrevivência física, mas de um comentário brutal sobre a desigualdade e a luta por justiça.
A decisão de Perempuán de sacrificar sua própria liberdade para salvar uma criança sugere que o verdadeiro triunfo está na solidariedade, no sacrifício pessoal pelo bem dos outros — um eco do que Goreng tentou fazer no primeiro filme.
Com um final aberto e repleto de simbolismos, O Poço 2 deixa os espectadores com uma sensação de inquietação e uma necessidade de refletir sobre o verdadeiro significado de ascender em um mundo governado pela desigualdade e pela fome.
Quem realmente ganha nesse jogo brutal? Essa é uma pergunta que talvez só seja respondida no futuro da franquia.
Veja o trailer:
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